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quinta-feira, 5 de maio de 2011

SR. OLÍMPIO DE CARVALHO - CAMINHEIRO DO BEM



Foi em uma terça-feira do mês de agosto de 1994 que travei o primeiro contato com a Doutrina Espírita. Lembro-me como se fosse ontem! Convidado por uma amiga, compareci a uma palestra pública na Sociedade Espírita Caminheiros do Bem (R. Frei Henrique de Coimbra, B. Rondônia, NH/RS). O tema era “O tríplice aspecto da Doutrina Espírita” e o palestrante era Olímpio de Carvalho. Aquela Sociedade Espírita, aquela palestra e aquele palestrante estavam destinados a mudar a minha vida.
Hoje, 5 de maio de 2011, ao receber a notícia do desencarne do Sr. Olímpio de Carvalho, passou um filme em minha cabeça e nele algumas cenas se sobressaíram por terem sido momentos de aprendizagem significativa para mim.
Eis algumas lições que aprendi com o Sr. Olímpio:
  • Iniciativa – às vezes, por razões diversas, não fazemos o que desejamos fazer. O Sr. Olímpio, com familiares e amigos, teve a iniciativa de concretizar um antigo sonho e fundou a S. E. Caminheiros do Bem. Eu fui um dos beneficiários dessa instituição. Quantos outros existem? Impossível quantificar...;
  • Desprendimento – num tempo em que as pessoas estão cada vez mais voltadas para as coisas materiais, o Sr. Olímpio abriu mão de bens próprios para adquirir um terreno e uma casa, um pequeno chalé, que abrigaram as atividades inciais do Caminheiros. Hoje, muitos se locupletam do Espiritismo, de diferentes formas, no entanto poucos colaboram como seria de se esperar para o seu crescimento e difusão;
  • Persistência – com trabalho sério e perseverante, foi um dos principais responsáveis para que o Caminheiros tivesse a sua atual sede, que não foi erguida da noite para o dia, levou bastante tempo para ser finalizada. Onde muitos desistiriam, como aconteceu com alguns dos entusiastas do projeto original, ele persistiu. Se hoje é bom, agradável e confortável assistir uma palestra, participar de um grupo de estudos, colaborar num trabalho mediúnico, tomar um passe etc., convém refletir sobre a dedicação e o sacrifício de muitos para que tal aconteça e que geralmente passa despercebido;
  • Disciplina – jamais conheci, em minha vida, pessoa tão disciplinada quanto o Sr. Olímpio de Carvalho. Durante o tempo que permaneceu na presidência, todas as rotinas da sociedade espírita, da recepção ao passe, da palestra à doutrinação, da biblioteca aos grupos de estudos, do atendimento fraterno à prática mediúnica, tudo era conduzido com rigorosa disciplina. Às vezes ainda ouço soar pequena campainha que ele acionava para assinalar o início dos trabalhos, pois para ele, horário era horário;
  • Meticulosidade – fiz minhas primeiras experiências mediúnicas em um pequeno grupo que era coordenado por ele e pela sua esposa, Dona Maria de Lourdes Carvalho. Era um grupo voltado para a educação da mediunidade. Tudo ocorria segundo os critérios doutrinários que constam em O Livros dos Médiuns. Algo que lembro até hoje é a prática que ele instituiu das folhas com carbono para recepção das mensagens psicográficas. Cada médium, ao final da sessão, ficava com a mensagem original e entregava para ele a cópia obtida através do carbono. Em casa, ele datilografava uma por uma, o que era um trabalho meticuloso e fastidioso, mas que lhe permitia acompanhar tanto a produção mediúnica da sociedade espírita como o desenvolvimento dos seus médiuns, compondo um considerável acervo que deveria fazer parte, se ainda não o são, dos Anais do Caminheiros;
  • Planejamento das palestras – quando muitos se entregam aos arroubos da inspiração, que nem sempre produzem frutos positivos, as palestras feitas pelo Sr. Olímpio eram cuidadosamente preparadas. Consultava várias obras sobre o tema a ser apresentado e datilografava toda a palestra. Depois, ia lendo e comentando o texto oriundo da sua pesquisa com calma e com segurança. Se aqueles que atuam na área da exposição doutrinária adotassem esta prática, tendo mais cuidado no preparo das palestras, por certo não se falaria tantas bobagens como tem acontecido;
  • Dedicação – nos dias de trabalho, que as vezes eram mais de cinco por semana, frequentemente o Sr. Olímpio era o primeiro a chegar e o último a sair. Alguns tem preguiça até para irem assistir uma palestra... Já com idade avançada, juntamente com sua esposa, liderava os mutirões de limpeza, sempre reduzidos, jamais fugindo de nenhuma responsabilidade;
  • Seriedade – durante vários anos de convivência com o Sr. Olímpio de Carvalho, sempre observei a sua seriedade e o seu comprometimento com a causa espírita, certamente os principais ingredientes do sucesso da sua gestão como presidente do Caminheiros do Bem...
Muitas seriam ainda as lições a serem destacadas... Nós, na atualidade, deveríamos ser menos pretensiosos e mais humildes, aproveitando para aprender com a velha guarda.
Sr. Olímpio de Carvalho, querido irmão de ideal, eu lhe considero como um dos meus pais espirituais, dada a influência que exerceu em minha iniciação na Doutrina Espírita. Por isso mesmo, neste dia em que regressa ao Mundo Espiritual, destino de todos nós, transformo minha gratidão e meu carinho em preces e em irradiações para que o seu passamento se complete o mais rápido possível e para que possa receber o salário do homem voltado para o bem, que é a serenidade da consciência tranquila.
Aos familiares, sobretudo a Dona Maria de Lourdes Carvalho, transmito meus sentimentos de solidariedade e profundo afeto, pois reconheço que mesmo para nós, espíritas, que sabemos da continuidade da vida após morte, a separação dos nossos entes queridos, mesmo que momentânea, ainda é muito difícil.
Sr. Olímpio Carvalho, uma vez Caminheiro do Bem, Caminheiro do Bem para sempre!

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